O Que é Renda Fixa: Entenda as Principais Características dos Títulos Oferecidos

Qualquer um que tenha pesquisado o mínimo sobre investimentos já deve ter se deparado com este termo: Renda Fixa.

Contudo, acredito que muitos ainda tenham dúvidas sobre o que é de fato a renda fixa, quais as suas características e os principais títulos oferecidos para o investidor.

A maior parte da população brasileira deixa seu dinheiro aplicado na caderneta de poupança.

Entretanto, isto se dá na grande parte das vezes por falta de conhecimento, pois existem diversos investimentos muito mais interessantes que a poupança e tão seguros quanto.

Atualmente o Brasil possui  mais de R$ 800 bilhões de reais  aplicados na poupança!!!

Aplicar dinheiro na poupança é como deixá-lo debaixo do colchão: ele não vai ir a lugar nenhum, mas ele também não irá crescer.

Se você é uma das pessoas que possui seu dinheiro aplicado na poupança, após a leitura deste artigo, descobrirá formas melhores para deixar o seu dinheiro aplicado rendendo todos os meses.

Índice de Conteúdo

O Que é Renda Fixa

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Renda Fixa é a modalidade de investimento onde se pode prever a rentabilidade do ativo, antes mesmo de realizar a aplicação.

Ela é recomendada para qualquer tipo de investidor, desde quem está iniciando e até para quem já tem um conhecimento maior sobre investimentos, pois ela é considerada um investimento seguro e com uma rentabilidade muito maior do que a da poupança.

Para explicar de forma simplificada o que é renda fixa: sabe quando você está precisando de dinheiro e vai até o banco pedir um empréstimo?

Pois então, a renda fixa é exatamente o oposto: é quando você empresta dinheiro para um banco, uma financeira, ou até mesmo para o governo, que lhe devolve o dinheiro acrescido de juros.

Muito melhor estar do lado de quem empresta dinheiro, do que de quem pega dinheiro emprestado não é mesmo?

Conceitos Importantes sobre a Renda Fixa

Antes de começarmos a falar sobre as modalidades de investimentos disponíveis na renda fixa, vamos esclarecer alguns conceitos importantes.

Liquidez-1

Liquidez

A liquidez de um investimento é a facilidade com que o investidor consegue resgatar o dinheiro.

Se o investidor pode resgatar o dinheiro a qualquer momento, ou em um prazo bem curto, a aplicação possui alta liquidez.

Simples assim.

Na maioria das plataformas de investimento, a liquidez dos produtos disponíveis aparece dessa forma: D+1, D+30, etc.

Isso significa que o investidor terá seu dinheiro em mãos no dia seguinte que realizar a solicitação de resgate (D+1).

No caso do D+30, significa que o dinheiro estará em mãos 30 dias após a solicitação.

No caso de um imóvel que está a venda, a liquidez é muito baixa, pois você pode levar meses ou até anos para conseguir vendê-lo.

Rentabilidade

A rentabilidade nada mais é do que quanto o seu dinheiro irá render durante o período da aplicação.

Existem três tipos de rentabilidade:

  • Prefixada;
  • Pós-fixada;
  • Híbrida.

Na rentabilidade prefixada, já é determinado na data da contratação, o valor da taxa de juros para todo o período.

Por exemplo, se você aplica seu dinheiro em um investimento com uma taxa de 8% a.a., significa que durante o período da aplicação, o seu dinheiro irá render 8% ao ano.

Na pós-fixada, a rentabilidade da sua aplicação está atrelada à um índice, normalmente ao CDI (veremos o que é no próximo tópico).

Uma aplicação pós fixada vai render 110% do CDI naquele período, por exemplo.

A rentabilidade híbrida, como o nome já diz, é uma mistura entre a prefixada e a pós-fixada.

Aplicações com rentabilidade híbrida vão estar atrelados em parte a um indicador, normalmente o IPCA, que se trata do indicador oficial de inflação do país, mais uma parte fixa.

Uma aplicação híbrida aparece da seguinte forma: IPCA+5,3% por exemplo.

Certificado de Depósito Interbancário (CDI)

Assim como as pessoas, os bancos também precisam de empréstimos.

O CDI é a taxa de juros utilizada pelos bancos para realizarem empréstimos diariamente entre si.

O CDI acompanha a variação da Selic (taxa básica de juros da economia). Portanto, se a Selic sobe, o CDI acompanha e o inverso também.

Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) é uma instituição privada, formada por todos os bancos comerciais, múltiplos, de investimentos e sociedades de crédito, as financeiras.

O FGC foi criado para conceder proteção aos investidores e garantir, para alguns ativos de renda fixa, um tipo de “seguro”.

Ele funciona da seguinte forma: se você investiu em algum ativo de renda fixa protegido pelo FGC, e a instituição financeira emissora desse ativo quebrar, você recebe o seu dinheiro de volta.

 Atenção: o FGC garante o reembolso do valor máximo de R$ 250.000,00 por CPF, por instituição financeira, sendo o teto de R$ 1.000.000,00 (1 milhão de reais) a cada período de 4 anos. 

Não entendeu nada?

Nem eu.

Deixa eu te dar um exemplo.

Se você possui até R$ 250.000,00 em uma ou mais aplicações na mesma instituição financeira, você estará coberto.

Supondo que você tenha investimentos em 4 instituições financeiras, no valor de R$ 250.000,00 cada, e dentro desse prazo de quatro anos, as 4 quebrem (sim, que azar), então o FGC pagará os R$ 250.000,00 de cada instituição, o que somará 1 milhão para este CPF.

Agora, se quebrar uma quinta instituição para este mesmo CPF, ainda dentro do prazo de quatro anos, não haverá ressarcimento, mesmo que o valor seja abaixo de R$ 250.000,00, pois este CPF já terá recebido o teto.

Tesouro Direto

Artigo-2-Tesouro

Agora que já vimos os principais conceitos da renda fixa, vamos para os ativos disponíveis para aplicação.

O Tesouro Direto é um dos investimentos de renda fixa mais conhecidos.

Ele é um programa criado pelo governo federal como uma forma de arrecadar dinheiro para financiar a dívida pública.

Neste artigo eu explico em mais detalhes o que é o Tesouro Direto, suas vantagens, os custos para o investidor e um passo a passo completo para começar a investir.

Basicamente existem três modalidades de títulos para investimento no Tesouro Direto.

São as 3 que eu citei no tópico “Rentabilidade“:

Prefixada: taxa já definida no início da contratação para todo o período do investimento. É considerado um investimento de médio e longo prazo.

Pós-fixada: no caso do Tesouro Direto, o título pós-fixado existente é o Tesouro Selic. Como o nome já diz, este título está atrelado à taxa Selic, e irá render exatamente a sua variação no período de contratação. É ideal para quem quer montar sua reserva de emergência, pois é possível realizar o resgate do dinheiro a qualquer momento (alta liquidez).

Híbrida: os títulos públicos híbridos, são os que estão indexados ao IPCA (inflação) + uma taxa estabelecida. A vantagem destes títulos é que você protege o seu capital contra a inflação, pois garante que o mesmo estará sempre acima dela.

Para entender em mais detalhes as particularidades de cada título, leia este artigo.

Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Artigo-2-CDB

O CDB é um título de renda fixa emitido pelos bancos.

A sua taxa de rentabilidade costuma ser atrelada ao CDI (título pós-fixado), mas também existem CDB‘s prefixados e híbridos.

Normalmente, os CDB‘s emitidos por bancos de pequeno porte, possuem uma rentabilidade mais atrativa, pois eles precisam captar recursos.

Outro fator importante para se olhar ao investir em um CDB é o seu prazo de vencimento. Existem CDB‘s com liquidez diária e outros que variam de 1 até 7 anos muitas vezes.

Quanto maior for o prazo, maior será a rentabilidade oferecida.

Os CDB‘s contam com a garantia do FGC, em valores até R$ 250.000,00.

Importante lembrar que este tipo de aplicação sofre a incidência do Imposto de Renda, conforme a tabela regressiva. Ou seja, quanto mais tempo você deixar o dinheiro aplicado, menos IR pagará.

O valor mínimo para investir em um CDB dependerá do banco que o emitiu, mas normalmente é a partir de R$ 1.000,00.

Letra de Crédito Imobiliário (LCI)

Artigo-2-Imóveis

As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) também são títulos emitidos por bancos e instituições financeiras para captar dinheiro, mas para ser utilizado especificamente no ramo de imóveis.

Colocando de outra forma, se uma pessoa vai até o banco e faz um empréstimo ou um financiamento com o objetivo de comprar um imóvel, o banco pode emitir uma LCI para captar esse dinheiro.

Este tipo de investimento pode ser prefixado ou pós-fixado, mas normalmente é pós-fixado, atrelado ao CDI.

O investimento mínimo depende do valor imposto pela instituição financeira, mas normalmente gira em torno de R$ 1.000,00.

A maior parte das LCI’s oferecidas no mercado possuem um prazo mais longo de 1 ano para cima.

Entretanto, existem algumas LCI‘s que possuem liquidez diária, após um período de carência.

O período de carência é um prazo no qual o investidor não pode retirar o seu dinheiro da aplicação.

A LCI também está coberta pelo FGC em valores até R$ 250.000,00.

A maior vantagem da LCI é que não há incidência de Imposto de Renda!!

Letra de Crédito para o Agronegócio (LCA)

Artigo-2-Agricultura

As Letras de Crédito para o Agronegócio (LCA) possuem basicamente as mesmas características do que as LCI‘s.

Com a diferença de que estes títulos são emitidos pelos bancos para financiar o agronegócio.

A aplicação mínima para as LCA‘s são um pouco maiores.

Normalmente giram em torno de R$ 5.000,00 e existem diversos prazos de aplicação disponíveis.

Estão garantidas pelo FGC e não há incidência de Imposto de Renda.

Letras de Câmbio (LC’s)

Artigo-2-LCs

Outra opção na renda fixa são as Letras de Câmbio (LC’s).

A LC tem os mesmos princípios que os CDB‘s. Contudo, ela é emitida por financeiras, que são instituições financeiras menores que os bancos.

Portanto, as taxas de rentabilidade costumam ser mais atrativas.

As LC‘s possuem um risco um pouco mais elevado do que os demais ativos de renda fixa citados até aqui, por serem emitidas por instituições menores e um pouco menos confiáveis.

Entretanto, as mesmas contam com a garantia do FGC para valores até R$ 250.000,00.

Existem LC‘s de curto, médio e longo prazo. Podendo variar de 90 dias a mais de cinco anos.

As LC‘s estão sujeitas à cobrança do Imposto de Renda e do IOF, assim como os CDB‘s.

Debêntures

Artigo-2-Debêntures

Todos os investimentos que falamos até aqui estão relacionadas com o governo ou com bancos e financeiras.

Mas também é possível realizar um investimento em empresas privadas através da renda fixa.

As Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas.

Normalmente esses títulos são ofertados pelas empresas com o objetivo de pagar dívidas ou para financiar projetos.

Por exemplo: digamos que uma empresa quer construir uma nova unidade em outra localidade, mas não tenha recursos suficientes para a obra. A empresa decide que não quer buscar empréstimos em bancos. Dessa forma, ela emite as debêntures, que são títulos de dívidas emitidos pela empresa.

O investidor que irá emprestar o dinheiro, receberá de volta, no vencimento, o valor emprestado, acrescido dos juros estipulados na emissão do documento.

Existe um documento chamado Escritura de Emissão, onde é formalizado todos os direitos e deveres de ambas as partes.

As debêntures podem ser prefixadas, pós-fixadas ou híbridas e ocorre a incidência de Imposto de Renda.

Um ponto muito importante a ser considerado, é que  as debêntures não possuem a garantia do FGC!!! 

Ou seja, se você investir em uma debênture de certa empresa e esta empresa quebrar, você perde todo o seu dinheiro.

Por isso que é muito importante avaliar muito bem a empresa antes de investir neste ativo.

Como se sabe que nem sempre é fácil para o investir fazer essa avaliação de cada empresa, muitas vezes são contratadas as agências de risco.

As agências de risco são entidades que fazem a avaliação dessas empresas e emitem uma nota de avaliação.

Estas notas variam de “C/D”, até “AAA”, conforme imagem abaixo.

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Debêntures Incentivadas

Uma categoria muito importante destes ativos são as Debêntures Incentivadas.

Existem algumas debêntures que são emitidas por companhias ligadas a setores estratégicos da economia.

Neste caso o governo oferece a isenção de Imposto de Renda e IOF, tornando-as muito mais atrativas aos investidores.

Certificados de Recebíveis (CRI e CRA)

Artigo-2-CRI

Embora não tão conhecidos quanto os demais investimentos, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI’s) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA’s) também são títulos de renda fixa.

Os CRI‘s e CRA‘s são títulos emitidos por securitizadoras.

As companhias securitizadoras de créditos mobiliários são sociedades anônimas, classificadas como instituições não financeiras, que tem por finalidade a conversão de uma carteira de ativos em títulos mobiliários passíveis de negociação.

Como o próprio nome já diz, as CRI‘s possuem o objetivo de financiar o mercado imobiliário, enquanto as CRA‘s, o setor agrícola.

Talvez você se pergunte: “Mas qual a diferença delas para as LCI‘s e LCA‘s?”

Já te explico.

Vamos pegar um exemplo.

Digamos que uma construtora queira construir um prédio ou um condomínio. Já antecipadamente, a construtora vende na planta todas as unidades desse condomínio.

Entretanto, as pessoas que compraram os imóveis na planta, financiaram a dívida, e a construtora não pode esperar até o final do financiamento para receber todo o dinheiro e começar a construir o condomínio.

Portanto, a construtora vai até uma securitizadora, que lança um CRI (Certificado de Recebível Imobiliário) no mercado, para arrecadar o dinheiro necessário para a construção.

A mesma coisa serve para o CRA, só que para o mercado agrícola.

Portanto, quando você investe em uma LCI, você está emprestando dinheiro para alguém que quer comprar um imóvel.

Já quando você investe em um CRI, você está emprestando dinheiro para alguém que quer construir um imóvel.

Assim ficou bem mais fácil de entender não é mesmo?

Tanto o CRI quanto o CRA possuem isenção de Imposto de Renda.

Mas tome muito cuidado, pois os dois não contam com a proteção do FGC.

Considerações

Basicamente, para escolher investimentos adequados para você na renda fixa, você deve se atentar aos seguintes pontos:

  • Qual a rentabilidade do título
  • Qual o prazo do título
  • Se o mesmo é garantido pelo FGC
  • Se ocorre incidência de Imposto de Renda

Espero que com este artigo você tenha tirado suas principais dúvidas sobre as características dos principais investimentos da renda fixa, e tenha entendido que existem muitas opções de investimentos muito mais atrativos do que a poupança.

Para começar a investir na renda fixa basta criar uma conta em uma corretora de valores mobiliários (caso você ainda não tenha uma), transferir dinheiro para lá e escolher os ativos que mais lhe atraem.

Trata-se de um guia completo onde eu explico os principais conceitos do mercado financeiro, e ainda mostro quais os passos que você precisa dar para realizar o seu primeiro investimento.

Se ficou com alguma dúvida pode me enviar direto pela página “Contato” aqui do blog, ou então perguntar aí embaixo mesmo.

Abração!!

Francisco Krieger Abrunhoza

Sobre o Autor

Francisco Abrunhoza
Francisco Abrunhoza

Criador do site Portal da Riqueza. Investidor e apaixonado por finanças.

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