Você já pensou em investir dinheiro na bolsa de valores?
Eu acredito que sim.
Essa ideia passa na cabeça de muitas pessoas pelo menos uma vez.
O que muitas vezes “trava” algumas pessoas de investirem na bolsa de valores é o medo de perder dinheiro.
Afinal, todos que querem investir na bolsa devem estar conscientes de que perder dinheiro é um risco que estão sujeitos.
E se você pudesse investir na bolsa de valores de modo que, se a bolsa subir, você ganha dinheiro, mas se ela cair, você não perde nada?
Parece mentira não é mesmo?
Mas acontece que é verdade sim.
E isso é possível através de um produto financeiro chamado de COE.
E nesse artigo nós veremos em detalhes:
- O que é COE
- Suas principais características
- Quais as vantagens desse ativo
- Quais as desvantagens desse ativo
Se isso lhe interessou continue lendo o artigo para entender como funciona esse ativo financeiro.
Índice de Conteúdo
O Que é COE?
COE é a sigla para Certificado de Operações Estruturadas.
Ele é um produto financeiro relativamente novo, sendo regulamentado em setembro de 2013 pela CMN (Conselho Monetário Nacional).
Mas suas primeiras emissões foram feitas apenas em 2014.
Entretanto, inicialmente ele era oferecido apenas para pessoas com alta renda, para clientes do próprio banco que emitiu o produto.
Em 2015, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) regulamentou a oferta do mesmo.
E desde então, além dos próprios bancos que emitem o título, o COE passou a ser ofertado ao público geral através de corretoras de valores.
O mesmo é uma mistura de renda fixa com renda variável, tendo algumas características de cada uma dessas classes de ativos.
O título é uma versão brasileira das Notas Estruturadas, um tipo de investimento muito comum nos Estados Unidos e na Europa.
Após ser emitido pelo banco, o COE precisa ser registrado na Cetip (Centro de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos).
E é isso que traz mais segurança para o investidor.
O papel da Cetip é garantir que as instituições financeiras ofertem COEs com segurança e com opções variadas, tendo diferentes cenários de retorno nos mesmos.
Também é a Cetip que faz o depósito e a liquidação do COE.
Se você for investir em COE através de uma corretora de valores, é importante se certificar que a sua corretora possui o selo Cetip Certifica.
Eu expliquei em mais detalhes o que é o selo Cetip Certifica nesse artigo sobre como escolher sua corretora de valores.
Como funciona o COE?
O COE é como se fosse um “pacote” com diversos produtos dentro.
Sendo a maior parte desses produtos investida na renda fixa (entre 80-90%).
Essa parte da renda fixa normalmente é aplicada em um produto do próprio banco emissor do COE, como um CDB.
Dessa forma, o valor aplicado no COE pode ser utilizado pelo próprio banco para oferecer empréstimos.
Assim o banco também lucra.
O restante do capital é aplicado em produtos mais arriscados, de renda variável, mas que podem apresentar um retorno maior.
Ou seja, ao investir em COE, você faz uma única aplicação, mas o seu dinheiro vai para diversos ativos diferentes.
Talvez você se pergunte:
“Então isso é bom? Pois estarei diversificando meu capital de uma vez só”.
Isso depende de muitos fatores, mais especificamente das características de ganhos e perdas que o emissor do COE colocou.
Todas as informações referentes ao COE devem estar descritas no DIE (Documento de Informações Adicionais).
Sendo essas informações:
- Modalidade do COE
- Banco emissor
- Rentabilidade
- Prazo do investimento
- Cenários para ganhos e perdas
Tributação
A tributação que incide no COE é igual a da renda fixa, seguindo a tabela regressiva.
Desse modo, quanto mais tempo ficar investido seu capital, menor será a taxa de imposto de renda, conforme tabela abaixo.
Aplicação mínima
O valor mínimo para aplicação depende muito do emissor do COE.
Atualmente é bastante comum encontrar COEs com valor mínimo de 5 mil reais para investir.
É raro mas você também consegue encontrar alguns de 1000 reais.
Em contrapartida, alguns exigem um valor de investimento mínimo de 100 mil reais.
Prazos
Novamente, tudo depende do emissor do título.
Mas em média, os prazos dos COEs ofertados no mercado estão variando entre 6 meses e 5 anos.
Tipos de COE
Existem dois tipos de COE que são ofertados no mercado atualmente:
COE de Valor Nominal Protegido
Nessa modalidade, o investidor tem garantia de receber pelo menos 100% do valor investido.
Desse modo, caso a parcela do COE investida em renda variável tenha desempenho negativo, o valor investido você recebe de volta.
Sem perdas, mas também sem nenhuma remuneração.
Essa é a modalidade mais comum de COE, representando mais de 90% dos COEs ofertados no mercado.
COE de Valor Nominal em Risco
Acredito que pelo nome, você deve imaginar qual a característica desse tipo de COE não é mesmo?
Nessa modalidade, o investidor corre o risco de perder todo o capital que investiu.
Mas vale ressaltar que o valor máximo para perda é o valor que foi investido, nunca mais do que isso.
Pois em alguns produtos de renda variável é possível perder mais dinheiro do que você investiu.
Exemplo de COE
Talvez tudo isso ainda esteja um pouco confuso.
Não posso lhe culpar.
Afinal o COE é um produto um tanto quanto complexo mesmo.
Desse modo, para explicar o que é COE, acho melhor utilizar um exemplo.
Digamos que um banco emitiu um COE de valor nominal protegido e baseado na valorização do Ibovespa, com prazo de vencimento de 2 anos.
O Ibovespa é o índice que representa as principais ações da bolsa de valores brasileira.
Portanto, a parte de renda variável do COE está atrelada à bolsa de valores.
Seguem os cenários de rentabilidade:
- Se durante o período de investimento, o Ibovespa cair ou ficar estável, o investidor tem somente o dinheiro investido de volta.
- Se o índice se valorizar em até 20%, o investidor recebe um ganho proporcional ao mesmo no vencimento.
- Se o índice subir mais de 20%, o investidor tem um ganho limitado de 20%.
Ou seja, o investidor que aplicar nesse COE deve acreditar que a bolsa vai subir no período.
Caso contrário, vale mais a pena deixar o seu dinheiro em alguma aplicação atrelada ao CDI ou à inflação.
Podendo ser até mesmo algum título do Tesouro Direto.
Porque no cenário ruim, você terá somente o valor inicial de volta. Sem mesmo ser corrigido pela inflação.
Neste caso de certa forma você “perde dinheiro”, pois o valor que você investir hoje não valerá a mesma coisa daqui a 2 anos.
Em outras palavras você perde poder de compra.
Para entender melhor o que é inflação, lhe convido a ler este artigo.
No momento em que escrevo esse artigo a taxa Selic se encontra em 6,5% ao ano.
Portanto, esse COE será vantajoso somente em um cenário onde o Ibovespa tem uma alta superior a 6,5% a.a. no período.
Vantagens de Investir em COE
Acredito que neste momento você já conseguiu entender o que é COE e como ele funciona.
Agora vamos para as vantagens do investimento em COE.
Acesso a produtos sofisticados
Ao investir em COE, o investidor tem acesso a um produto sofisticado, como investimento em câmbio, mercado estrangeiro, ações nacionais, índices nacionais e estrangeiros, taxas de juros e até mesmo commodities (café, ouro, soja, etc).
Tudo isso sem precisar se dar ao trabalho de escolher os produtos e montar a sua operação por conta própria.
Capital protegido
Mesmo investindo em produtos arriscados, o investidor tem seu capital protegido contra perdas.
Isso é claro no caso do COE de Valor Nominal Protegido.
Mas como mencionado anteriormente, essa é a modalidade mais comum ofertada no mercado.
Tributação única
Outra vantagem é a tributação única do imposto de renda.
Se você quisesse replicar os produtos de um COE por conta própria, pagaria imposto de renda sobre cada um desses produtos de forma separada.
Além disso, normalmente os COEs não possuem taxas de administração e de desempenho.
Diversidade
É possível encontrar diversas opções de COEs, com diferentes características.
Desse modo, existindo opções para diferentes perfis de investidores, com diferentes níveis de aceitação ao risco.
Desvantagens de Investir em COE
Nem tudo são flores não é mesmo?
Vamos ver as desvantagens de investir em COE.
Spread alto
Não se pode generalizar, mas muitos COEs existentes no mercado possuem um spread muito alto.
O spread se trata da diferença entre o quanto o emissor gasta para montar a operação, para o quanto ele oferta a mesma.
Ou seja, as instituições financeiras que oferecem esse tipo de ativo, em muitos casos, tem um custo para montar essa operação bem mais baixo do que o que ela vende o produto.
Desse modo, existem alguns custos ao investidor que não ficam muito transparentes na hora do investimento.
O COE é um dos produtos que mais traz retorno para as instituições financeiras que os oferecem.
Isso acontece exatamente por causa dessa grande diferença entre o custo que elas tem para montar a operação e o valor que ofertam o COE no mercado (spread).
É claro que não podemos julgar as instituições financeiras por causa disso.
Afinal, todas elas tem custos a pagar e precisam gerar lucro para sobreviver, assim como qualquer empresa.
Custo de oportunidade
Outra desvantagem é o custo de oportunidade.
Pois se o cenário de rentabilidade do COE não se realizar, o investidor terá apenas o dinheiro investido de volta, sem a correção da inflação.
Isso é claro na modalidade de valor nominal protegido, onde é garantido apenas o valor investido.
Mas acontece que atualmente é possível encontrar COEs que garantem o capital corrigido da inflação.
Portanto é muito importante ler na íntegra o documento DIE.
Baixa liquidez
Em sua grande maioria, os COEs possuem baixíssima liquidez.
Ou seja, você não pode resgatar o seu dinheiro antes do vencimento.
E nos poucos casos em que isso é possível, você corre o risco de mercado.
Isso significa que ao resgatar antes, você pode vender o seu título por um preço mais baixo do que o comprado.
Assim perdendo dinheiro.
Limite de ganhos
Como comentado anteriormente, em muitos COEs existe um limite de ganho máximo.
Portanto, mesmo se o índice ao qual o seu COE está atrelado ultrapassar determinado valor, você só recebe o que foi acordado no contrato.
Sendo que o emissor fica com o restante.
Novamente, isso varia muito das características impostas pelo emissor.
Existem COEs sem limite de ganho.
Sem garantia do FGC
Outro ponto a ficar muito atento no COE é que, diferente de grande parte dos produtos de renda fixa:
O COE não possui garantia do FGC!!
Ou seja, se o banco que emitiu o título quebrar, você perde todo o capital investido.
Mesmo sendo da modalidade de capital protegido.
Vale a Pena Investir em COE?
Talvez você tenha reparado que eu apresentei mais desvantagens do que vantagens.
Mas quero deixar claro que o COE não é necessariamente um produto ruim.
Pelo contrário, pode ser um ótimo ativo para você diversificar a sua carteira.
Entretanto, como é um ativo um tanto complexo, é preciso entender 100% como funciona o mesmo e estar atento à todas as características do COE escolhido.
O problema de alguns COEs é exatamente esse spread alto, que acaba trazendo alguns custos que não ficam muito transparentes para o investidor na hora da aplicação.
Para saber se vale a pena investir em COE, é preciso primeiro conhecer o seu perfil de investidor.
Para o investidor de perfil moderado que está começando e busca retornos um pouco mais elevados, como os da bolsa de valores, mas com menos risco, o COE pode ser uma boa opção.
Mas novamente, é muito importante se atentar a todos os cenários de rentabilidade do COE em questão.
Verifique se existem mais cenários positivos do que negativos.
Dê preferência para COEs com capital protegido e que garantem pelo menos o seu capital corrigido da inflação.
Ao mesmo tempo em que não estabelecem limites de ganho.
Em contrapartida, se você possui um perfil de investidor mais arrojado, que aceita mais risco.
É mais experiente no mercado e se sente confiante para tomar suas próprias decisões…
Talvez seja mais vantajoso investir por conta própria diretamente nesses ativos mais arriscados de renda variável.
Conclusões
Não existe investimento perfeito.
Qualquer pessoa que lhe prometa investimentos milagrosos, com rentabilidades altíssimas e muito seguro está mentindo.
Sempre desconfie quando surgir algo assim, pois existem grandes chances de ser esquemas de pirâmide financeira.
Porque todo e qualquer investimento vai ter vantagens e desvantagens.
Assim como é o caso do COE.
O COE é um produto que possui uma diversidade de características, que variam muito de emissor para emissor.
Portanto somente você saberá dizer se o mesmo é um bom ativo para incluir na sua carteira ou não.
Para isso certifique-se de entender completamente quais os ativos que estão dentro do COE que está considerando investir seu dinheiro.
Leia todo o documento DIE e dê preferência para COEs que possuem mais cenários de ganho do que de perda.
Conheço muitas pessoas que investiram em COE e depois se deram conta que não era um bom ativo para elas, mas acabaram com o capital preso durante todo o prazo de aplicação.
Espero que com esse artigo você possa tomar suas decisões de forma mais assertiva.
Aproveite para compartilhar esse artigo nas suas redes sociais e com os seus amigos, para que essas informações cheguem para mais pessoas.
Forte abraço!
Francisco
Como investidor sempre fico de olho no mercado e procurando oportunidades e vou ler mais sobre coe.
Que bom Claudio. Dúvidas estou à disposição.
Nem que seja pra ter experiencia vale a pena. vlw pela informação.
Disponha Vinicius!
Este artigo é muito simples e completo. Parabéns.
Muito obrigado Gustavo.
Não conhecia essa alternativa de investimento. Muito obrigado, Francisco!
Não é um investimento muito conhecido ainda Elvio, o mesmo é relativamente novo. Abraços