Os ETFs são fundos de ações que buscam replicar o desempenho de um determinado índice do mercado.
Podem ser boas alternativas para quem está começando a investir na bolsa de valores e ainda não possui muito conhecimento do mercado.
Ou para quem prefere terceirizar a tomada de decisões e ter uma carteira de investimentos mais diversificada.
Outro fator positivo é que hoje existe uma boa quantidade de ETFs sendo negociadas na bolsa de valores brasileira. Ou seja, boa parte dos ETFs da Bovespa possui uma boa liquidez.
Dessa forma é possível entrar e sair de posições quando desejar.
Por mais que sejam aparentemente ativos bastante simples, existem alguns fatores que ainda podem ser aprofundados e devem ser analisados por investidores que têm a intenção de investir em ETFs.
Portanto, o objetivo deste artigo é ser um guia completo, detalhando o que são ETFs, quais as principais características das ETFs, mostrando como investir em ETFs, além de apresentar as principais ETFs da Bovespa.
Índice de Conteúdo
O Que São ETFs (Exchange Traded Funds)?
Como dito anteriormente, os ETFs (Exchange Traded Funds), que também são bastante conhecidos no Brasil como fundos de índices, são fundos de ações que têm como objetivo replicar o desempenho de um determinado índice de mercado.
Para a criação de um ETF, admite-se qualquer índice de ações do mercado que seja reconhecido pela CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, entidade responsável por regular o mercado.
Os índices de ações servem para que um investidor possa avaliar como um determinado grupo de ações se comportou em relação a outro, ou até mesmo em relação à sua própria carteira de investimentos.
Isso porque os índices de ações são calculados com base em uma carteira teórica de ativos.
Como os ETFs são considerados fundos de investimentos, os mesmos são geridos por um gestor.
O papel deste gestor é acompanhar diariamente o mercado e realizar as compras e vendas necessárias para que o ETF continue acompanhando, ou superando o índice em questão.
O patrimônio que consiste o ETF é dividido em cotas, que são negociadas na bolsa de valores. O que torna as ETFs ativos de renda variável.
Devido às suas características de replicação de índices, e também porque elas são negociadas na bolsa de valores, o preço de cada uma dessas cotas vai variar de acordo com o desempenho das ações que compõem o ETF, e também de acordo com a oferta e demanda pela ETF em questão.
Principais características dos fundos de índices (ETFs)
Beleza, já vimos o que são os ETFs. Que de uma forma resumida são fundos de ações com objetivo de replicar um determinado índice do mercado.
Mas talvez agora você esteja se perguntando qual a diferença dos ETFs para os fundos de ações tradicionais.
E existem sim algumas diferenças, que serão apresentadas juntamente com as principais características dos ETFs.
Gestão Passiva
A primeira característica dos ETFs é justamente a gestão passiva. O que diferencia bastante dos fundos de ações tradicionais.
Veja bem.
Em um fundo de ações tradicional o gestor estará sempre buscando compor a carteira do fundo da forma que ele achar que trará o maior retorno para os cotistas.
Ou seja, o gestor está ativamente comprando e vendendo ativos para tentar obter a maior rentabilidade.
Já os ETFs possuem gestão passiva. Portanto, o objetivo dos gestores é apenas ter em carteira as mesmas ações que compõem o índice buscado.
É possível sim que os gestores de ETFs coloquem um ou outro ativo que não esteja no índice, para tentar buscar um retorno um pouco maior. Mas isso representa uma parcela muito pequena do patrimônio do fundo.
Diversificação
Os ETFs costumam ser bem mais diversificados do que os fundos de ações tradicionais.
Porque, como já foi explicado, os ETFs buscam replicar o desempenho de um índice. E os índices de mercado são compostos por uma carteira teórica com diversos ativos.
Ou seja, os ETFs precisam ter em sua carteira todos os ativos do índice utilizado como benchmark.
Diferente dos fundos de ações, que buscam constantemente bater estes índices de mercado, para isso que existem as taxas de performance.
E como eles procuram bater esses índices, normalmente são escolhidos menos ativos e com mais cautela.
Volatilidade menor
Por favor tenha em mente que os ETFs são ativos de renda variável.
Ou seja, qualquer ativo que se enquadre nessa classe possui um risco maior, se comparados com os ativos de renda fixa.
Entretanto, se comparados os ETFs com os fundos de ações tradicionais, ou até mesmo com uma carteira de ações montada por conta própria, os ETFs costumam ser menos voláteis.
Isso acontece exatamente pelo grande número de ativos que costumam compor a carteira dos ETFs.
“E isso é bom ou ruim? “.
Na verdade isso depende do perfil de risco de cada pessoa. Pois uma menor volatilidade significa que em momentos de queda na bolsa de valores, os ETFs provavelmente vão cair menos do que os fundos de ações (ou carteiras de investimentos individuais).
Mas também significa que em momentos de alta da bolsa de valores, eles também devem subir um pouco menos.
Custos menores
Quando falamos de fundos de investimentos, o principal custo que existe é a taxa de administração.
É claro que existem outras taxas e até outros custos, mas vamos focar aqui na taxa de administração, que é a que possui maior representatividade.
A taxa de administração nada mais é do que a forma de remuneração da empresa administradora e do gestor do fundo.
E o papel do gestor é exatamente tomar as decisões estratégicas que ele acredita serem mais benéficas para o fundo.
Os fundos de ações tradicionais costumam ter taxas de administração mais altas que as ETFs. Isso acontece porque em teoria, é mais difícil de gerir um fundo com gestão ativa, onde o gestor precisa estar constantemente tomando decisões importantes, do que um de gestão passiva.
Como os ETFs possuem gestão passiva, o gestor precisa mais é acompanhar o índice do mercado. Não que isso seja fácil é claro. Como dito anteriormente, o mesmo precisa estar diariamente acompanhando o mercado.
Mas é por este motivo que as taxas de administração dos ETFs costumam ser menores.
Em muitos casos, investir em ETFs também pode ser “mais barato” do que investir em ações diretamente.
Porque se um investidor deseja ter uma carteira bem diversificada de ações, ele terá que comprar uma a uma. Desse modo ele pode acabar gastando bastante com corretagem e outros custos.
Ao realizar uma compra de um ETF, é possível estar bastante diversificado já.
É claro que com a concorrência aumentando entre as corretoras de valores brasileiras, existem algumas que já estão praticando a corretagem zero em diversos serviços. Até mesmo já zeraram a taxa de corretagem para ações e outros ativos de renda variável. Isso é muito bom para o investidor.
Liquidez
Os ETFs são negociados diariamente na bolsa de valores. Isso garante uma alta liquidez, possibilitando ao investidor entrar e sair de posições de uma maneira mais fácil.
Provavelmente não tão facilmente quanto se você fosse investir diretamente em ações. Mas é claro que isso também vai depender muito de qual ETF deseja investir ou em quais ações deseja investir diretamente.
Existem ETFs com maior volume de negociação e outros com menor volume.
Assim como existem ações com altíssimo volume de negociação e outras com um volume bem baixo.
Entretanto, se compararmos a liquidez dos ETFs com a dos fundos de ações tradicionais, é possível afirmar que os ETFs estão em vantagem nesse caso.
Isso ocorre porque os fundos de ações possuem algo chamado de prazo de cotização. Que se trata basicamente do tempo em que o fundo de investimento leva para transformar suas cotas em dinheiro.
Dependendo do fundo de ações, o prazo de cotização pode ser até mesmo de alguns meses, como 3 ou 6 meses. E acontece que dentro desse prazo de cotização, o cotista ainda está sujeito às variações do fundo.
Enquanto que com os ETFs basta colocar a ordem de venda no home broker e aguardar alguém comprar. O que normalmente ocorre no mesmo dia.
Tributação
Os ETFs estão sujeitos à tributação do imposto de renda, da mesma forma que as ações.
A alíquota cobrada é de 15% sobre o lucro da operação na hora da venda das suas cotas.
Diferente das ações, não existe isenção de imposto para vendas abaixo de R$ 20 mil mensais.
Ou seja, no caso de qualquer lucro com a venda de ETFs, você terá que pagar o imposto.
Para pagar imposto de renda referente à operações na bolsa de valores é preciso emitir um DARF.
Caso você não saiba direito o que é isso, eu escrevi um artigo bem completo explicando o que é, e como pagar darf.
ETFs pagam dividendos?
Até agora já vimos o que são ETFs e quais as principais características dos ETFs.
Mas eu resolvi colocar esse tópico separado, pois se trata de uma dúvida que eu vejo surgir com muita frequência. É em relação aos dividendos dos ETFs.
Os dividendos são a principal forma de remuneração que as empresas listadas em bolsa pagam aos seus acionistas.
Ou seja, se você comprar ações de uma empresa na bolsa, se tornará sócio dela e passará a receber uma parte dos lucros dessa empresa. Esse lucro é pago aos acionistas na forma de dividendos.
Agora veja bem.
Os ETFs são fundos de investimento que compram empresas listadas em bolsa. Ou seja, eles recebem dividendos.
Então a verdadeira pergunta é: os ETFs repassam os dividendos aos cotistas?
Sim e não.
“Como assim? “.
Eis o que acontece: os ETFs recebem os dividendos das empresas que possuem e reinvestem automaticamente nas mesmas empresas que compõem o ETF.
Portanto, sim se você considerar que é como se você tivesse ações de uma empresa, e quando recebesse os dividendos reinvestisse automaticamente nela.
Entretanto, caso você gostaria de receber os dividendos das empresas diretamente na conta da sua corretora, para então definir o que deseja fazer com os mesmos, como uma forma de renda passiva, então nesse caso não, isso não é possível através de ETFs.
Se deseja ter uma renda passiva para escolher você mesmo se reinveste o dinheiro dos dividendos ou utiliza para outros fins, recomendo investir diretamente em ações e fundos imobiliários.
Vale a Pena Investir em ETFs?
Se você chegou até aqui neste artigo já deve estar entendendo um pouco mais o que são ETFs e quais suas características.
Mas talvez ainda esteja pensando se vale a pena investir em ETFs.
Bom, como você deve imaginar, esta não é uma simples pergunta onde é possível responder sim ou não.
Portanto, vou tomar a liberdade de reformular a pergunta. Acredito que a pergunta correta seria: quando vale a pena investir em ETFs?
Veja bem.
Da mesma forma que avaliamos se é vantajoso investir em qualquer outro investimento, para saber quando vale a pena investir em ETFs, devemos analisar outras coisas antes.
A primeira delas é o seu perfil de risco. Esta análise leva em conta alguns fatores para saber em qual momento da vida você se encontra, quanto de conhecimento você possui no mercado financeiro e quanto de risco você está propenso a assumir para obter uma rentabilidade maior nos seus investimentos.
Ao abrir conta em uma corretora de valores sempre é solicitado que você faça esse teste.
Depois de saber isso, você precisa pensar em quais são os seus objetivos. Pois de acordo com os seus objetivos, você poderá então definir quais os ativos financeiros que mais se adequam aos os objetivos que você deseja alcançar.
Tendo isso tudo em mente, vou citar agora alguns momentos onde pode ser vantajoso investir em ETFs.
Diversificação
Como já mencionado anteriormente nas características das ETFs, elas podem ser uma boa alternativa para quem deseja diversificar bastante o seu patrimônio. Pois ao comprar apenas uma cota, você está exposto à diversos ativos.
Pode ser uma boa opção para novatos na bolsa
Muitas pessoas ficam um pouco receosas de entrar na bolsa de valores, exatamente devido às altas oscilações e pelo medo de perder dinheiro.
Portanto, os fundos de índices podem ser uma boa opção para quem deseja ir entrando aos pouquinhos na bolsa.
Isso porque os ETFs podem apresentar retornos mais elevados do que os da renda fixa, mas ao mesmo tempo não possuem uma volatilidade tão alta quanto o investimento direto em ações.
Acessibilidade
Também podem ser uma boa alternativa para quem tem pouco dinheiro.
Por mais que o lote mínimo de cotas seja de 10, é possível comprar apenas uma cota de um ETF no mercado fracionário. E assim você já está exposto à uma diversidade de ativos.
Mesmo podendo comprar diretamente ações no mercado fracionário também, seria necessário muito mais capital para se expôr a diversos ativos.
Como Investir em ETFs?
Além de ser muito acessível, investir em ETFs é extremamente simples.
Como dito anteriormente, os ETFs são negociados em cotas na bolsa de valores.
Portanto, para quem deseja investir em ETFs, basta criar uma conta em uma corretora de valores, acessar o home broker da mesma, digitar o código do ETF escolhido e enviar a ordem de compra.
Para quem já investiu ou investe em ações, é exatamente da mesma forma.
Tome cuidado apenas com as taxas de corretagens cobradas pela sua corretora para investir nestes ativos.
É sempre bom verificar os custos cobrados pela sua corretora para cada tipo de movimentação financeira.
Principais ETFs Bovespa
No momento em que eu escrevo este artigo, existem 16 ETFs listados na Bovespa, a bolsa de valores brasileira.
Portanto, neste tópico irei apresentar os 4 ETFs mais negociados na Bovespa nos últimos anos, de acordo com o próprio relatório mensal gerado pela B3.
Por favor entenda que isto não é uma recomendação de investimento. O objetivo deste tópico é apenas apresentar alguns dos ETFs mais famosos, que consequentemente são os mais negociados.
Caso se interesse por algum deles, recomendo fazer uma análise mais aprofundada por conta própria, a fim de determinar se o mesmo é um bom ativo para compor a sua carteira de investimentos.
ETF BOVA11
O BOVA11 com certeza é o fundo de índice mais popular e mais negociado na bolsa de valores brasileira.
O mesmo tem como referência o Índice Bovespa (IBOV), que se trata do principal indicador de desempenho da bolsa de valores brasileira, a B3.
Em sua composição, o ETF BOVA11 possui mais de 60 ativos negociados na bolsa.
ETF BOVV11
Outro fundo de índice muito negociado na bolsa é o BOVV11.
O mesmo acaba sendo muito similar ao BOVA11, pois os mesmos têm como referência o Índice Bovespa.
A diferença entre os dois é basicamente as empresas gestoras, as administradoras e os volumes de negociação.
Os dois ativos possuem uma taxa de administração de 0,30% ao ano. Mas o BOVA11 tem um volume de negociação muito maior do que o BOVV11.
Enquanto o BOVA11 teve um volume de 153 milhões de reais negociados em 2019, o BOVV11 teve apenas de 23 milhões.
ETF SMALL11
O ETF SMALL11 é um fundo de índice que replica o desempenho do índice SMLL.
Este índice é composto por uma carteira de ações teórica formado por empresas Small Caps.
As Small Caps são empresas conhecidas por terem um tamanho de mercado ainda não muito grande, se comparadas à Blue Chips como Ambev, Vale e Petrobrás.
Entretanto, exatamente por serem empresas menores, elas possuem um grande potencial de valorização no mercado.
E o objetivo deste ETF é exatamente se expôr à estas empresas com grande potencial de valorização.
ETF IVVB11
Por fim, o ETF IVVB11 é um fundo de índice que replica a performance do índice S&P 500.
O S&P 500 é um índice americano que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos.
Ou seja, o ETF IVVB11 possui em carteira ações das principais empresas americanas.
Ele é muito utilizado por brasileiros que querem ter uma parte do seu patrimônio atrelado ao dólar, mas que ainda não querem investir lá fora diretamente.
O mesmo possui uma taxa de administração de apenas 0,24% ao ano e é gerido pela Black Rock, que é a maior empresa de gestão de ativos do mundo.
Você pode verificar todos os ETFs listados na Bovespa diretamente no site da B3, através deste link.
Conclusões
No decorrer deste artigo abordamos diversos tópicos relacionados aos fundos de índices.
Se você chegou até aqui já deve entender um pouco melhor o que são ETFs, como funcionam as ETFs, já sabe se as ETFs pagam dividendos e entre outras características.
Entretanto, como foi abordado no artigo, a única pessoa que pode decidir se vale a pena investir em ETFs é você mesmo.
Pois como qualquer investimento no mercado financeiro, as ETFs possuem vantagens e desvantagens.
Portanto cabe a você definir seu perfil de risco, definir seus objetivos financeiros, para então determinar se você deve ou não investir em ETFs.
Espero ter esclarecido as suas dúvidas. Caso ainda tenha alguma, sinta-se à vontade para deixá-la nos comentários.
Forte abraço,
Francisco
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