O Que é Consórcio? Será que Vale a Pena Fazer Um?

Você provavelmente já sabe o que é consórcio, ou ao menos tem uma ideia.

O consórcio é uma modalidade de autofinanciamento que estava meio esquecida fazia algum tempo. Mas nos últimos anos o número de consórcios feitos no Brasil vem aumentando significativamente.

Mas será que vale a pena fazer um consórcio?

É isso que muitas pessoas se perguntam, mas acabam aderindo a um pois acham que é mais vantajoso em relação a um financiamento.

Outras adquirem um consórcio achando que estão fazendo um bom investimento. Mas será que consórcio é investimento mesmo?

Acontece que consórcio não é investimento, e dependendo da situação pode ser menos vantajoso do que um financiamento.

Desse modo, o objetivo deste artigo é explicar em detalhes o que é consórcio, como funciona um consórcio, além de explicar por que os consórcios não são investimentos.

Assim você terá propriedade para avaliar as opções existentes para você adquirir algum bem ou até mesmo escolher melhores investimentos.

Índice de Conteúdo

O Que é Consórcio?

O consórcio é uma modalidade de autofinanciamento. O mesmo nada mais é do que um grupo de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, que se juntam com o objetivo de adquirir um bem em comum.

Este bem pode ser tanto um imóvel, um automóvel, ou até mesmo a contratação de um serviço.

Cada grupo é específico para o bem em comum que todos querem adquirir. Se por exemplo uma pessoa quer comprar um imóvel, ela tem a opção de entrar em um consórcio com um grupo de pessoas que também quer um imóvel. A mesma coisa com automóveis e prestação de serviços.

Não há a possibilidade de existir um grupo de consórcio onde alguns querem um imóvel e outros um automóvel.

Desse modo, a partir do momento que é definido o bem que a pessoa quer adquirir, o valor necessário para comprar esse bem, o prazo de pagamento e número de parcelas, essa pessoa vai entrar em um grupo que possui o mesmo objetivo.

Como funciona o consórcio

Agora que já definimos o que é consórcio, vamos nos aprofundar em como funciona efetivamente o mesmo.

A partir do momento em que você entra no grupo com as pessoas que aderiram ao mesmo consórcio que o seu, você começa a realizar pagamentos mensais. Todos os participantes realizam pagamentos mensais.

As parcelas pagas por todos os participantes geram uma arrecadação que soma um valor bem alto. Esses valores entram em um caixa do consórcio, chamado de fundo comum. O mesmo é reservado somente para os pagamentos do grupo. E esse fundo comum é utilizado para a contemplação dos clientes.

A contemplação nada mais é do que o direito que um consorciado tem de utilizar esse caixa para a compra ou pagamento do bem escolhido. A mesma acontece através de um sorteio, realizado pela administradora, que é a instituição responsável por cuidar deste consórcio. Desse modo, é feito um sorteio todos os meses para ver quem será o contemplado.

Após o sorteio, o mesmo tem o direito de utilizar esse caixa para comprar o seu bem. Mas muitas vezes ainda sobra dinheiro no fundo comum, mesmo depois do sorteio. Portanto, depois do sorteio existem as contemplações por lance.

Desse modo, a administradora vai verificar, de acordo com as características de contratação de cada indivíduo, qual foi o que fez a maior oferta em percentual. Assim será disponibilizado para este indivíduo, de acordo com o crédito que ele contratou, outra parte do fundo comum que sobrou após o sorteio.

Por exemplo, se ele contratou 50 mil reais, e após o sorteio ainda existe 50 mil, esse valor será disponibilizado para que o indivíduo exerça o direito de compra do bem. Porque ele foi o primeiro colocado vencedor por lance.

Se após o sorteio inicial, que é prioridade, e depois da primeira contemplação por lance, ainda houver dinheiro no fundo comum, é seguido para o segundo maior lance.

Dessa forma a segunda pessoa com maior lance será contemplada. E assim por diante. Enquanto houver saldo no caixa, continuarão ocorrendo as contemplações por lance.

A partir do momento em que não há mais saldo no fundo, encerra-se a assembleia. E aqueles que seriam os próximos contemplados por lance, ficam para o mês seguinte, após o sorteio inicial.

Como você deve imaginar, haverá a arrecadação de parcelas novamente no mês seguinte, se formando um novo fundo comum. Desse modo, mês a mês são contemplados participantes por sorteio, enquanto outros são contemplados por lances. Isso continua até o final do grupo.

Ou seja, quando o prazo do grupo acabar, todos os participantes terão sido contemplados com o valor contratado a fim de poder comprar bem escolhido.

Custos de um Consórcio

Já determinamos o que é consórcio e também como funciona o mesmo. Como explicado no tópico acima, o consórcio é uma modalidade de autofinanciamento.

O grupo que possui o mesmo objetivo em comum se ajuda mutuamente, cada um com parcelas mensais. Assim não é preciso recorrer à bancos.

Se você recorrer a um banco para a compra de um imóvel, será feito um financiamento, onde é preciso pagar juros.

No consórcio não há a necessidade de pagar juros. E isso parece muito bom não é mesmo? Mas não é bem assim. Existem outros custos que estão inclusos em um consórcio, os quais veremos a seguir.

Taxa de administração

A taxa de administração é o valor pago para a empresa que será responsável por administrar o consórcio.

Essa taxa costuma variar entre 12% e 17% do valor da carta, podendo chegar a valores bem maiores. Ela depende também da modalidade do consórcio, onde os de imóveis costumam ter as maiores taxas.

Taxa de adesão

Em alguns casos essa taxa não é cobrada. Se trata da taxa paga para entrar em um consórcio. A mesma gira em torno de 1% e 2% do valor da carta, dependendo do tipo de consórcio.

Ela é cobrada uma vez, na primeira mensalidade ou então na hora da contratação, mas precisa ser especificada no contrato. No caso do consórcio de imóveis, a mesma costuma ser mais alta devido ao valor da carta, assim podendo ser dividida nas três primeiras parcelas.

Fundo de reserva

A taxa do fundo de reserva costuma variar entre 2% e 5% do valor do bem que deseja adquirir.

É um valor que será utilizado para cobrir eventuais problemas de caixa, que podem ser causados por inadimplência ou desistência de participantes.

Seguros

Algumas administradoras fazem seguros de vida dos cotistas, ou seguro por quebra de garantia.

O seguro de vida vai garantir que, caso ocorra o falecimento de um dos participantes, o valor que o mesmo deve para o consórcio está coberto. Assim não prejudicando os demais.

Enquanto que o seguro por quebra de garantia cobre a falta do bem ou do consorciado. Por exemplo, no caso de um consórcio de automóvel, se o bem for roubado e o consorciado não tiver feito seguro separado, o seguro por quebra de garantia cobre o prejuízo.

Fundo comum

Por fim, não se trata de uma taxa em si, mas a parcela do fundo comum é o que de fato será destinado para a formação do caixa do consórcio. É o valor que será usado para a realização dos sorteios mensais e das contemplações por lance.

O valor dessas parcelas deve ser corrigido de tempos em tempos, para que o consórcio acompanhe a inflação. Assim os participantes não perdem poder de compra ao final do prazo do grupo.

Cabe à administradora definir o critério que será utilizado para fazer a correção do valor das parcelas.

Consórcio é Seguro?

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Será que consórcio é seguro?

Algumas pessoas tem receio de entrar em um consórcio e a administradora embolsar o dinheiro das parcelas, que seria destinado ao fundo comum.

Em relação à segurança do consórcio, existe a Lei 11.795, que foi sancionada em 08/10/2008.

Essa lei diz que o valor da parcela, que é destinado ao fundo comum, não deve ser “juntado” ao patrimônio da administradora contratada para gerir o consórcio.

Da mesma forma que a administradora não pode usar o valor da parcela de algum consorciado, ou parte do fundo comum para cobrir despesas de outro grupo de consórcio.

Ainda de acordo com a Lei 11.795, em caso de falência da instituição responsável pela administração do consórcio, o patrimônio do grupo é conservado. E cabe ao Banco Central procurar por outra empresa que esteja disposta a assumir a administração deste grupo. De forma que sejam mantidas todas as cláusulas assinadas anteriormente, com a primeira administradora.

Consórcio Vale a Pena? E Por Que Não é Investimento?

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Afinal vale a pena fazer um consórcio?

A resposta para essa pergunta é depende.

Para quem deseja adquirir um bem, um imóvel por exemplo, existe a opção de consórcio ou financiamento. E em alguns cenários o consórcio será mais vantajoso, enquanto que em outros cenários o financiamento pode ser mais vantajoso.

E não apenas devido às taxas e custos de cada um, mas também pela perspectiva e momento de vida de cada pessoa.

Se alguém que quer comprar um imóvel deseja ter o bem imediatamente, o consórcio não é uma boa opção. Pois as chances de ser sorteado nos sorteios iniciais é muito baixa.

Em um financiamento imobiliário é comum que, ao final do período, tenha sido pago o equivalente a duas ou até três vezes o valor do imóvel, devido aos juros. Dessa forma, a opção de consórcio acaba sendo normalmente mais vantajosa, pois os custos totais são menores. Isso é claro se você não se importa em esperar pelo imóvel.

Mas se você deseja ter o imóvel mais depressa, talvez o financiamento seja mais interessante. Você deve pesquisar é claro, para ver entre os dois, qual o melhor. Mas tome cuidado ao falar com um vendedor de consórcio nessa situação.

Neste caso o vendedor do consórcio pode lhe indicar comprar uma carta de crédito de valor maior, a fim de ser contemplado nos lances iniciais. Mas existe um ponto a se atentar nesses casos.

Vamos considerar o seguinte exemplo: você deseja comprar um imóvel no valor de 200 mil. E encontra um consórcio com taxa de administração de 12%. Mas você quer adquirir seu imóvel o quanto antes.

A chance de ser sorteado é muito baixa, então o vendedor pode lhe “aconselhar” a adquirir uma carta em um valor mais alto do que o do imóvel, digamos de 300 mil, a fim de ser contemplado nos primeiros lances.

Mas preste atenção no seguinte: a taxa de administração de 15% é sobre o valor total da carta. Antes você pagaria 12% de 200 mil. Se optar pela sugestão do vendedor, terá que pagar 12% sobre 300 mil.

Ou seja, é preciso avaliar se o mesmo ainda é mais vantajoso do que o financiamento neste caso.

Até mesmo porque, em um financiamento, se você possui um valor maior, pode amortizar algumas parcelas, assim diminuindo os juros. Em um consórcio isso não é possível. É preciso pagar o valor da carta contratada no início por inteiro.

Portanto, de uma maneira geral, eu não acho o consórcio uma boa opção.

A melhor maneira que eu indico é se organizar financeiramente, morar de aluguel por um tempo, e ir investindo o seu dinheiro, a fim de comprar um imóvel à vista no futuro.

Da perspectiva financeira, esta com certeza é a melhor forma. Caso tenha interesse em investir seu dinheiro, deixarei aqui o link para baixar o e-book onde mostro como fazer isso.

Mas se por acaso você não esteja disposto a fazer isso e queira adquirir o seu imóvel (ou outro bem) o quanto antes, acredito que seja necessário avaliar entre consórcio e financiamento, com base nos critérios que foram apresentados até aqui.

Consórcio é investimento?

Não, o consórcio não é um investimento.

Muitas pessoas acreditam erroneamente que estão investindo em um consórcio. Até mesmo por influência dos vendedores de consórcio, que costumam afirmar que o produto é um investimento.

Entretanto, o mesmo não é um investimento pelo simples fato de que você está pagando mais por aquele bem do que ele vale, após inclusos todos os custos do mesmo.

Espero que com este artigo tenha ficado mais claro o que é consórcio, como o mesmo funciona. E que com ele você consiga avaliar por conta própria as melhores alternativas para você.

Forte abraço,

Francisco

Sobre o Autor

Francisco Abrunhoza
Francisco Abrunhoza

Criador do site Portal da Riqueza. Investidor e apaixonado por finanças.

    9 Comentários

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      • Gustavo, eu acredito que a melhor opção seja juntar dinheiro para comprar à vista sempre que possível. Quando isso não é possível, isso vai depender de quanto dinheiro você tem para dar de entrada. Em alguns casos o financiamento pode ser mais vantajoso, em outros o consórcio. Mas é preciso olhar bem para as características de cada uma dessas opções, para entender bem como funcionam as taxas.

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